Você já se perguntou por que alguns clubes brasileiros conseguem crescer mesmo com menos torcida, menos dinheiro e sem títulos recentes? A resposta está fora das quatro linhas: tudo começa com uma gestão esportiva eficiente.
No futebol moderno, emoção não paga conta. E, por mais apaixonada que seja a torcida, sem planejamento, até os maiores clubes afundam. Exemplos não faltam. O que muitos ainda não perceberam é que, seja no modelo associativo ou em formato de SAF (Sociedade Anônima do Futebol), quem trata o clube como empresa — e com responsabilidade — sai na frente.

Clubes são marcas, não só times
Hoje, um clube de futebol é muito mais do que elenco, técnico e campeonato. É uma marca. E marcas precisam ser valorizadas, protegidas e vendidas com inteligência. Por isso, uma gestão moderna olha para tudo: finanças, marketing, base, estrutura, torcida, mídia, patrocínio... e claro, o futebol jogado.
Você pode até não notar isso como torcedor, mas um departamento de análise de desempenho, um orçamento bem feito ou uma negociação bem conduzida são tão importantes quanto um bom camisa 10.
Modelos de gestão: não é um contra o outro
Com a chegada das SAFs, o debate ficou mais acalorado. Mas a verdade é que não se trata de escolher o lado certo — e sim de fazer bem feito, seja qual for o caminho. Vamos aos pontos:
Modelo Associativo: tradição com desafios
É o formato que moldou o futebol brasileiro por décadas. Os sócios votam, os presidentes mudam a cada eleição e há uma preocupação natural com a história do clube. O problema? Muitas vezes falta continuidade. O próximo dirigente desmonta o que o anterior começou. E decisões políticas atrapalham projetos técnicos.
Prós:
- Clube “do povo”, com forte laço afetivo.
- Preserva a identidade, o hino, as cores, a cultura.
Contras:
- Trocas constantes na gestão.
- Pouco espaço para profissionais fora do círculo político.
- Endividamento frequente e pouca responsabilização.
Modelo SAF: agilidade, mas com riscos
Já as SAFs vêm com outro espírito: são empresas, com foco em resultados. Há metas, investidores, contratos claros e cobrança pesada. Parece perfeito, certo? Nem sempre. Tudo depende de quem assume. Se o investidor não entende o clube, pode virar desastre. A cultura pode se perder e o torcedor se afastar.
Prós:
- Mais organização e planejamento.
- Acesso a investimentos de alto porte.
- Facilidade para modernizar a gestão.
Contras:
- Menor participação dos torcedores nas decisões.
- Risco de decisões movidas apenas por lucro.
- Dependência total de quem controla a SAF.
Gestão boa mesmo tem algumas marcas
Independentemente do modelo, bons gestores têm alguns hábitos parecidos. Eles escutam, planejam e agem com responsabilidade. Quer ver alguns sinais de uma gestão eficiente?
- Não gasta mais do que arrecada.
- Valoriza a base e não depende de apostas caras.
- Tem profissionais de mercado em todas as áreas, não apenas ex-jogadores ou “amigos do presidente”.
- Comunica bem com a torcida, de forma honesta e transparente.
Ah, e uma dica que vale ouro: clube bem gerido atrai patrocínio. Isso é direto. Marcas querem estar ao lado de instituições confiáveis, que respeitam contratos e têm imagem limpa.
Casos reais que inspiram
Quer exemplos? O Fortaleza montou uma das estruturas mais sólidas do país sem virar SAF. Já o Botafogo, mesmo com altos e baixos, voltou a disputar o topo com a injeção de capital da SAF. Ou seja: dá para crescer de formas diferentes, desde que o caminho tenha coerência e foco.
Para quem está começando a profissionalizar
Se você está envolvido com a gestão de um clube — seja ele amador, de base ou profissional — comece pelo simples:
- Monte um orçamento realista e siga à risca.
- Contrate profissionais capacitados para finanças e gestão.
- Crie um projeto esportivo com metas por categoria (sub-17, sub-20, profissional).
- Evite “salvadores da pátria” — crescimento consistente é melhor que apostas mirabolantes.
Fechando a conta
O que move um clube é a paixão, claro. Mas o que sustenta essa paixão é a estrutura por trás. Profissionalizar não significa perder alma, e sim cuidar melhor dela. Com gestão de verdade, o clube se torna forte, respeitado — e vencedor.
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Resumo do Artigo:
- O sucesso no futebol começa com gestão séria e profissional.
- SAF e Associativo podem funcionar bem, desde que com bons gestores.
- Planejamento, controle financeiro e pessoas capacitadas são o segredo.
- Clubes bem geridos atraem patrocinadores e viram referência.
- Gestão ruim cobra caro — dentro e fora de campo.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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