A vereadora de Teresina, Tatiana Medeiros (PSB) foi presa, na manhã desta quinta-feira (03), no The Residence Tower, rua das Orquídeas, bairro Jóquei Clube, número 485, na zona leste da Capital. A prisão ocorreu no âmbito da segunda fase da Operação Escudo Eleitoral deflagrada pela Polícia Federal no Piauí.

Conforme a PF, a ação policial contra a vereadora tem como fundamento a suspeita de que a parlamentar seja ligada à facção criminosa Bonde dos 40. A Polícia Federal esteve em dois endereços ligados a Tatiana em Teresina: sua residência, na zona norte e um apartamento, na zona leste, onde ela foi presa.
Demais mandados cumpridos pela PF
Ao todo, os policiais federais cumpriram oito mandados judiciais, sendo dois mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e três de afastamento de função pública: da vereadora Tatiana Medeiros e de comissionados que ocupavam cargos na Câmara Municipal de Teresina, na Assembleia Legislativa do Estado do Piauí e na Secretaria de Estado de Saúde do Piauí.
As ordens judiciais foram cumpridas na capital piauiense e na cidade de Timon/MA, foram expedidas pelo 1º Juízo de Garantias da Justiça Eleitoral no Piauí.

A investigação, iniciada após a divulgação dos resultados das Eleições 2024, identificou elementos que apontaram vínculo entre candidata eleita ao cargo de vereadora na capital piauiense e expoente de facção criminosa violenta com grande atuação no estado.
Além das medidas judiciais citadas, o Juízo Eleitoral determinou a suspensão das atividades da ONG Instituto Vamos Juntos, com o consequente impedimento de receber qualquer novo aporte de recursos, e a proibição dos suspeitos afastados de suas funções de frequentarem os locais que trabalhavam e de manter contato com outros servidores.
Alvo de inquérito da Polícia Federal
Em 25 de novembro de 2024, o delegado da Polícia Federal, Daniel Araújo, abriu um inquérito para apurar a possível ligação da vereadora Tatiana Medeiros (PSB) com Alandilson Cardoso Passos, apontado como membro da facção criminosa Bonde dos 40 e seu namorado.
A investigação também apura o crime de lavagem de dinheiro durante a campanha eleitoral. A suspeita é que a advogada tenha usado o Instituto Vamos Juntos para lavar recursos provenientes da organização criminosa e, posteriormente, empregá-los no pleito municipal de 2024.
Envolvimento com o Bonde dos 40
No inquérito instaurado em novembro de 2024, a Polícia Federal apontou quatro possíveis crimes envolvendo Tatiana Medeiros e a facção Bonde dos 40. As suspeitas são:
1. Uso do Instituto Vamos Juntos – Tatiana pode ter utilizado a ONG para captar recursos ilícitos, incluindo dinheiro oriundo da facção criminosa, e direcioná-los para sua campanha eleitoral.
2. Financiamento Eleitoral Irregular – O Bonde dos 40 pode ter financiado diretamente a campanha da advogada em troca de influência política e facilitação de suas atividades no Piauí.
3. Coação e Manipulação de Eleitores – A facção teria mobilizado membros para coagir ou aliciar eleitores em comunidades vulneráveis sob seu domínio, garantindo votos para Tatiana.
4. Fraude na Prestação de Contas – A vereadora é suspeita de omitir ou adulterar informações em sua prestação de contas, incluindo despesas fictícias. Um dos exemplos citados é a locação de um veículo registrado no nome de sua mãe, Maria Odelia de Aguiar Medeiros, que não possui registro de CNH, o que levanta indícios de irregularidade.
Eleição de Tatiana Medeiros
Tatiana Medeiros foi eleita vereadora de Teresina, no dia 06 de outubro de 2024, com 2.925 votos, por quociente partidário, no Partido Socialista Brasileiro (PSB). No registro de sua candidatura, a parlamentar declarou que hão havia nenhum bem material em seu nome.
Namorado preso
Alandilson Cardoso Passos, namorado da vereadora presa Tatiana Medeiros, que está preso desde 14 de novembro do ano passado, é alvo de uma investigação que aponta seu envolvimento com crimes como tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Seu nome consta em diversos boletins de ocorrência e processos, incluindo posse irregular de arma de fogo, tráfico de drogas, roubo qualificado e dano qualificado com substância explosiva.

Vida de luxo e ostentação
Apesar de não possuir vínculo formal de emprego, Alandilson ostenta um estilo de vida luxuoso, morando em condomínios de alto padrão e mantendo um haras com cavalos de vaquejada. Sua empresa, AC Passos LTDA, registrada como prestadora de serviços automotivos, não existe de fato e opera como fachada para ocultação de dinheiro ilícito.
Há indícios de que ele esteja envolvido com a facção criminosa Bonde dos 40, realizando transações financeiras suspeitas com outros investigados ligados ao tráfico. Ele também teria remetido dinheiro para empresas utilizadas para lavagem de dinheiro, como a Val Carnes/Val Veículos.
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