Durante coletiva conjunta com Emmanuel Macron nesta quinta-feira (5), no Palácio do Eliseu, em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou o francês em uma saia justa ao insistir, por duas vezes, na assinatura do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia ainda em 2024. Lula assumirá a presidência rotativa do bloco sul-americano no próximo mês e disse estar determinado a finalizar o tratado até dezembro.
“Meu caro, abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul”, disse Lula no início da entrevista, arrancando um sorriso discreto de Macron. Em seguida, fez um compromisso público diante da imprensa dos dois países.
“Quero aqui, Macron, afirmar na frente da imprensa brasileira e francesa que eu assumirei a presidência do Mercosul no próximo dia 6 [de julho] e, ao assumir, eu quero lhe comunicar que não deixarei a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia.”
Lula ainda voltou ao assunto no encerramento da entrevista, sem ser provocado por jornalistas:
“Eu tenho seis meses de mandato no Mercosul. E quero dizer aqui que deixarei a presidência com o acordo com a União Europeia firmado.”
A insistência do presidente brasileiro, no entanto, não foi suficiente para convencer Macron, que reiterou as resistências da França ao tratado. Embora tenha elogiado o “entusiasmo” de Lula, o francês foi categórico ao apontar preocupações com as normas ambientais e sanitárias adotadas pelos países do Mercosul.
“Este acordo, no momento estratégico que nós vivemos, é bom para muitos setores, mas representa risco para a agricultura dos países europeus”, disse Macron. “Nós pedimos aos nossos agricultores que mudem suas práticas, mas os países do Mercosul não estão no mesmo nível regulatório. Eu não saberia explicar como, ao mesmo tempo em que imponho mais normas aos nossos produtores, abro o mercado a quem não respeita nada.”
O Brasil assume a presidência do Mercosul em 6 de julho.
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